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Catarina Patrício é artista e investigadora em pós-doutoramento com bolsa FCT no pólo FCSH do CIC.Digital, com o programa de trabalhos «Smart City: Cinema, Utopicidade e Governamentalidade na Cidade Pós-Industrial». Professora de Antropologia do Espaço no departamento de Arquitetura e Urbanismo da ECATI-ULHT desde 2010, é doutorada em Ciências da Comunicação pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (2014), na especialidade Cultura Contemporânea e Novas Tecnologias, uma investigação sobre Técnica, Guerra e Cinema financiada pela FCT. Mestre em Antropologia dos Movimentos Sociais pela FCSH-UNL (2008), Catarina Patrício é licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (2003) e estudou fotografia na Fachhochschule Bielefeld em 2000. Patrício desenvolve a sua atividade entre a prática artística, o ensino e a investigação científica.
An event has a future. This means that an event mirrors within itself such aspects as the future throws back on to the present, or, in other words, as the present has determined concerning the future. Thus an event has anticipation: The prophetic soul of the wide world dreaming on things to come.
Alfred North Whitehead
Existe uma linha que atravessa os desenhos, uma ambivalência própria ao recorte, ao real, ao cinema. E a afeção-cinemática revolve-se assim, numa espécie de antecipação que explora no presente, inquietantemente, fragmentos do que foi e indícios do que ainda não é – o presente, a deixar de o ser; e o futuro, a colocar-se entre a multiplicidade de futuros possíveis. No recorte pode mesmo ensaiar-se um rasgo no presente e libertar um futuro ainda por vir. William S. Burroughs chamava-lhe cut-up. É uma técnica que vive na herança do poema Dada e pressupõe entremear inscrições com outras tantas. Texto, som, imagem, tudo pode ser arrolado, cortado e assemblado. Refeito em novo objeto, é pela montagem que se tensiona o presente enquanto se distendem linhas para um futuro.
Desenhar recortes do cinema e recoloca-los de novo em circulação, no imenso fluxo de onde foram extraídos. A garantia da imagem-ação está na possibilidade de um encontro, ou melhor, na noção de duelo – duelo com o outro, com a natureza e consigo próprio. É assim que se «estabelecem novas conexões entre imagens e o campo de visão que, a partir daí, se expande» – dissera-o Burroughs.
Como deixei de me apoquentar, e adorei a bomba #3, o desenho-convite para esta exposição, ensaia uma narrativa em torno de uma trilogia de «ocorrências» aéreas: o ataque da natureza - cena do The Birds (1963) de Hitchcock -, o avião caça que se despenha no mar e, por último, o desastre de Hindenburg e o zepelim que se acidenta consumindo a humanidade**. E há outras paisagens cinemáticas a ver até 10 de novembro na Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, na Póvoa de Varzim.
Catarina Patrício
https://catarinapatricio.weebly.com/
12 de outubro a 10 de novembro 2018
Na Biblioteca Municipal
Ver também:
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Folha de sala
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