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Ernesto Veiga de Oliveira

   

Ernesto Veiga de Oliveira nasceu na Foz do Douro (Porto) em 1910 oriundo pelos quatro costados de famílias nortenhas - do Minho, de Trás-os-Montes, Douro Litoral, e até da Galiza, mas de vivência, educação e hábitos cosmopolitas. Fez o liceu na sua cidade natal, e formou-se em Direito em 1932 - e mais tarde, em 1947, em Ciências Históricas e Filosóficas - em Coimbra. Advogou durante dois anos, mas em breve se compenetrou do seu desajustamento irredutível a qualquer profissão que não viesse ao encontro do que para ele eram os valores essenciais do Homem e contrariasse a livre expansão da sua personalidade; e após sucessivas experiências, ingressa, em 1944, no funcionalismo público. Um versejar juvenil, de fôlego curto; um filosofar fora de escolas; um panteísmo sem deuses - e, a par disso, uma grande independência de espírito, de atitudes, de credos; e o imperativo da verdade, da liberdade, da mais límpida simplicidade –  modelariam o seu pensar, a sua visão do mundo, e a sua maneira autêntica de estar na vida. E aflorariam também num profundo amor pelo povo e no apelo das paisagens e das coisas naturais, que o levariam a calcorrear, a pé, extensas regiões do Pais – uma terra ainda fora do presente, virgem de estradas, de turismo, de poluições: o litoral, do rio Minho ao Tejo; as praias desertas do Algarve; as remotas áreas fronteiriças de Castro Laboreiro ao Gerês e Larouco; a Terra Fria transmontana, de bravios, estevas e lobos; as serras e os rios – atardando-se nas aldeias, empapando-se da sua cultura e assimilando-a. em longa vivência contemplativa participante.
Em 1932 situa-se o seu encontro com Jorge Dias, a quem fica ligado até ao fim por uma profunda e inalterável amizade, feita de entendimento, admiração e confiança; e passam a ser companheiros certos dessas andanças pelo País e dialogantes de todas as aventuras do espírito, juntamente com Fernando Galhano, amigo de longa data, com Margot Dias, e com Benjamim Pereira, que conhece mais tarde. E são finalmente esses elementos que em 1947 o grande mestre chama para formar o grupo pioneiro que deu corpo ao Centro de Estudos de Etnologia, que iria levar a cabo a renovação dos estudos etnográficos em Portugal. Demitiu-se então das suas funções burocráticas, e abraça - definitivamente e profissionalmente - a carreira de investigação cientifica. A partir dessa data, a sua vida identifica-se com os trabalhos desse Centro, e seguidamente, a partir de 1963, também com os do Centro de Antropologia Cultural e sobretudo do Museu de Etnologia, criado segundo uma concepção inovadora da museologia, que restará como a expressão mais acabada da sua obra.
Em 1965 é nomeado subdirector do Museu de Etnologia e, de 1973 em diante após o falecimento de Jorge Dias, toma a direcção do Centro de Estudos de Antropologia Cultural e do Museu de Etnologia, mantendo-se nesse posto até 1980, data da sua aposentação. Naquela mesma ocasião, assumiu a direcção do Centro de Estudos de Etnologia, que ainda conserva.
Em 1984 a Universidade de Évora confere-lhe o título de Doutor Honoris Causa. De 1973 a 1978 integrou o corpo redactorial da Revista Ethnologia Europaea.
Fez parte do International Secretariat for Research on the History of Agricultural Implements.

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