![Manuel Moreira Giesteira [08/10/1944 - 07/07/2009]](imgs/h_personalidades/manuelmoreiragiesteira1.jpg) 
 
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  |   | biografia Monumento ao Emigrante
Manuel Giesteira sonhou e a obra nasceu. O Monumento ao Emigrante foi inaugurado,
 com esplendor, (…) na presença de convidados como o Secretário de Estado das Comunidades, José
 Lello, o Arcebispo Primaz de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, ou o representante da
 Comunidade Brasileira, António Haddad. A pompa e circunstância para a estrutura que
 representa a homenagem do emigrante poveiro Manuel Giesteira à sua família, imortalizada no
 bronze e granito, e que simboliza todo o emigrante português. Por isso, durante o seu discurso
 na cerimónia oficial de inauguração, Giesteira lançou o repto às autoridades de fazer do
 Monumento de S. Félix o cenário de uma festa ao emigrante no primeiro sábado de Setembro
 de cada ano.  
A obra custou um total de cerca de 200 mil contos [1 milhão de euros] mas tudo vale a pena
 quando se trata de concretizar um velho sonho de uma vida de sacrifício e trabalho, como é a
 de todo o emigrante, lembrou o patrocinador do Monumento: “de longa data, sonhava que um
 dia iria construir, nesta cidade da Póvoa de Varzim, uma obra que fosse uma homenagem a
 todos aqueles que desta terra saíram pelos mais variados motivos, em busca de uma vida mais
 digna para si e para o seus familiares; aqueles que tiveram necessidade de emigrar, com todas
 as dificuldades e lutas que enfrentaram logo nos primeiros momentos da saída, mares bravios e
 agitados, caminhos e atalhos desconhecidos e cheios de perigo, noites mal dormidas e, às
 vezes, ao relento, tendo como cobertor as estelas do céu”.  
O escultor do monumento ao emigrante 
Aucione Agostinho trabalhou cerca de um ano nas esculturas do Monumento ao Emigrante.  
Aucione Torres Agostinho, 65 anos, natural de Garça, estado de S. Paulo – Brasil, professor e
 artista, este é o escultor que assina o Monumento ao Emigrante. Professor de artes, é doutor
 em Artes pela Universidade de S. Paulo e afirma gostar de artes gráficas, “exploro todos os
 sectores, sou escultor, pintor, desenhista, caricaturista e tenho uma escola de artes em Bauru”.  
“Trabalho em artes plásticas desde os 12 anos”, explica o artista brasileiro que conta agora
 com um monumento no norte de Portugal, “(…) O meu primeiro em monumento foi no Estado
 de S. Paulo, na cidade de Catanbuda, tinha 23 anos, (…) foi um monumento ao Soldado
 Constitucionalista da revolução de 1932, que eu vivi no meu país… Depois fiz outro monumento
 para o Rio Grande do Sul, uma homenagem à força expedicionária brasileira, os “Pacinhas”
 Brasileiros que combateram na Europa, na Itália , durante a 2ª Guerra Mundial”.  
O Monumento ao Emigrante 
“Quando o Dr. Giesteira me convidou para fazer uns estudos sobre o monumento, eu ouvi
 durante uma hora e meia, depois senti a intenção daquele homem, daquele empresário que é
 um homem dinâmico e lida com grandes negócios e responsabilidades a todo o instante, mas
 de uma sensibilidade a toda a prova, (…) ele me procurou para fazer uma homenagem à sua
 aldeia natal e aos seus pais. Então eu senti isso e transportei-me para a situação dele.” 
Em trinta minutos Aucione traçou uns esboços do Monumento que Manuel Giesteira aceitou. 
 Mais três meses de esboços e acertos. Depois foi tudo mais fácil, diz Aucione Torres Agostinho
 “votei mãos à obra e fiz planos, planeei as peças e comecei a moldar. Foram dez meses de
 trabalho: fazia as cabeças e as partes mais difíceis no meu atelier e depois viajava com as peças
 a 10 km/hora, rezando para não bater com o carro, uma viagem que normalmente se faz em 2
 horas e poucos minutos, eu levava quatro horas e meia para chegar à fundição. Durante a
 minha estadia na fundição, dormia ao lado da peça, três horas por noite, porque depois que eu
 começo uma peça não posso perder o foi à meada”.  
As esculturas do Monumento ao Emigrante 
Desde o final do ano em Portugal, as esculturas que constituem o Monumento ao Emigrante,
 vieram do Brasil por mar, “…o Dr. Giesteira alugou dois contentores, as peças foram
 devidamente embaladas e vieram normalmente. Chegaram em Outubro passado e ficaram à
 minha espera até hoje (27 de Agosto de 1998)” conta o escultor brasileiro, em Portugal para
 assistir à montagem das estátuas no Monumento. (…) 
As esculturas, dois adultos e três crianças, traduzem a partida de uma família, “… eu procurei
 flagrar uma família cujo chefe sai num momento de ousadia total, ou tudo ou nada, então ele
 joga tudo num só acto – levar os filhos e a esposa para um continente que ele desconhece,
 rompendo os laços daqui: deixou amigos, a terrinha que ele bem conhecia e foi tentar a sorte
 noutro continente. Eu tentei captar as fisionomias, ele lidera a fila, para a entrada de um navio,
 com a fisionomia tensa, a mãe, logo atrás, com um filho ao colo, dá a mão ao miúdo que vacila
 e logo a seguir o mais velho que seria o Dr. Giesteira e atrás, cerrando a fila, vem o do meio,
 arcado com um saquinho às costas, sendo a curva do corpo que fecha o ângulo do volume das
 massas das figuras que estão subindo (…)”.  
Quanto à indumentária com que são reproduzidas as esculturas que a partir de agora podem
 ser vistas no Monte de S. Félix, em Laúndos, prevaleceu o gosto e a imaginação do artista,
 “tive que criar uma realidade paralela porque eu não dispunha, nem o próprio Dr. Giesteira, de
 fotos que documentassem as roupas de época, então seria uma roupa simples como ele
 mesmo disse, eram pobres. Eu procurei criar uma textura de um tecido pesado, feito quase
 artesanalmente e simplifiquei ao máximo porque o que me importava ali era dar ênfase à
 expressão dos rostos, dos movimentos dos corpos”.  
SANTOS, Angélica – Deus quis, o homem sonhou, a obra nasceu. A Voz da Póvoa. Póvoa de Varzim: 
A Voz da Póvoa, Ano XVIII, nº. 860 (3 Set 1998), p. 2.
JACQUES, Sara – O escultor do monumento ao emigrante. A Voz da Póvoa. Póvoa de Varzim: 
A Voz da Póvoa, Ano XVIII, nº. 860 (3 Set 1998), p. 3.  
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