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história local > personalidades > Vasques Calafate
Vasques Calafate [1890 - 1963]

Vasques Calafate [1890 - 1963]

[ Biografia ]

[ Vibrante Discurso, por João Marques ]

[ Vasques Calafate, por José de Azevedo ]

[ Bibliografia ]

[ Sobre Vasques Calafate ]

[ + personalidades ]

 
O homem poveiro, por J. S. Marques

“CAETANO VASQUES CALAFATE - O HOMEM. O POVEIRO”
por J. S. Marques
Agenda Municipal. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal, (dezembro 1996)

Falar do Dr. Vasques Calafate não é coisa fácil por se tratar de uma personalidade multifacetada como Poveiro, sobretudo como político, como professor, escritor, jornalista e orador galvanizante. Bem vincado nele, também, o espírito humanista.

Conheci o Dr. Vasques Calafate era eu ainda rapaz, quando da sua campanha em prol da criação de um asilo para os pescadores poveiros, arrancando-os à ignomínia da esmola aviltante e à miséria de uma velhice sem arrimo.

A ideia do asilo teria surgido já quando da fundação, no Rio de Janeiro e a 16 de Julho de 1915, da Associação e auxílio aos mais necessitados, prestando ainda aos camaradas da classe, além de outras regalias, a assistência médica.

No ano de 1920 foi desencadeada uma campanha nativista que pretendia obrigar à nacionalização os pescadores poveiros, a maior colónia estrangeira de trabalhadores do mar no Brasil. Tal campanha, porém teve uma repercussão negativa no meio intelectual brasileiro, destacando-se Paulo Barreto (João do Rio) jornalista que se bateu com denodo pelos nossos conterrâneos, reconhecido depois pela nossa terra, que deu o seu nome a uma das suas principais ruas. Também as autoridades consulares portuguesas no Rio de Janeiro deram um carinhoso apoio aos poveiros que não quiseram negar a sua pátria, promovendo o seu repatriamento.

Regressados que foram os pescadores poveiros com eles veio a sua Associação Marítima com todos os direitos e obrigações, agora firmada em estatutos registados no cartório do Dr. Luiz Filipe Pinto da Fonseca, com data de 24 de Dezembro de 1921. Não foram esquecidos os fins filantrópicos para que nascera e o Dr. Vasques Calafate concretizou-os e ampliou-os, dando corpo ao seu sonho do asilo para os velhos lobos do mar.

O Dr. Caetano Vasques Calafate nasceu na Póvoa de Varzim aos 12 dias do mês de Maio de 1890, na casa de seus pais, à Ribeira, hoje largo que tem o seu nome, filho de José Caetano Calafate, negociante de pescado, e de Maria Joaquina da Conceição.

A Ribeira era a praia do pescado, o areal lambido pelas águas do mar, onde os barcos ancoravam e depois varados praia acima, na descarga do peixe. Também era dali, à revessa do paredão, que os barcos partiam para a faina. Portanto Vasques Calafate bem mocinho começou a entender a linguagem do mar no seu doce marulhar como a ouvir o ala… arriba, canto quente e forte dos marinheiros ao arrastarem a grande lancha para um breve descanso. Mas aquele murmurar e este canto também se transformavam em chicotadas temerosas e uivantes e em gritos de dor quando o grande oceano abria as suas fauces e tragava traiçoeiramente os pobres pescadores. Então as lágrimas e o luto eram o epílogo de mais uma tragédia de tantas a que Vasques Calafate assistira e jamais esquecera. Ele mesmo o dissera e registara em letra de forma: - “Desde criança que fantasmas de náufragos andam boiando na minha alma alagada pela maré cheia de muitas lágrimas de viuvez e orfandade que este mar da Póvoa tem feito à minha volta”.

O Caetaninho, apesar de ser filho de um abastado negociante de pescado, pertencendo, por isso, à chamada classe da média burguesia, confundia-se com os rapazes do povo, com quem jogava o “trape” e a “zoicha”. Fez a instrução primária na escola do Mestre Quilores. Completado o ciclo primário passou a frequentar o liceu da Póvoa, instalado então no edifício da fábrica do gás. Em Lisboa concluiu o curso equivalente ao agora denominado de Filologia Românica.

Em 1915, portanto com 25 anos, foi nomeado reitor do liceu de Chaves, então o mais novo reitor dentro do quadro do professorado do nosso Ministério da Instrução. Regressou à sua terra como professor do Liceu Eça de Queiroz. Como nota curiosa, recorde-se que se apresentara na Póvoa usando um “varino” ou capote à transmontana, não só como peça de agasalho mas também como transparência da sua alma de humanista, integrando-se nos usos e costumes da terra onde vivera por algum tempo. Em Roma, serás romano!

Nas suas andanças, sem um lamento mas antes manifesta devoção ao ensino, foi colocado no Arquipélago dos Açores para leccionar no liceu da cidade da Horta.

Foi nomeado, mais tarde, professor catedrático do Instituto Superior do Comércio do Porto (extinto por razões políticas) instalado na Escola de Belas Artes. O Ministério, reconhecendo os seus elevados méritos, quis transferi-lo para o Instituto Superior de Lisboa, tal como ao Dr. Ernâni Cidade, transferência que não aceitou por solidariedade com os colegas lesados por aquela extinção. Acabou por ser nomeado professor do Instituto Comercial do Porto, então na Rua de Entre-Paredes.

Vasques Calafate jamais abandonava uma ideia que considerasse humana e justa. Foi assim em prol da Casa dos Pescadores da Póvoa de Varzim, o modelo para todas as outras Casas construídas pelo Ministério das Corporações e Previdência do Estado Novo Corporativo, já nos anos 30. Segundo Manuel Lopes, a Casa dos Pescadores foi inaugurada a 15 de Agosto de 1928 já com o número de 12 internados aos cuidados das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras.

Com a mesma força de vontade e intransigente querer, batalhou pela construção do porto de pesca da Póvoa. Não o amedrontaram ameaças veladas nem o desanimaram ingratidões sofridas. Amarfanhou o seu amor à democracia, a ela devotado porque considerava a melhor forma do entendimento entre os homens.

Disse-se, então, que se encontrara ocasionalmente com Salazar, aqui na nossa terra, que o estadista visitava periodicamente em cumprimento da etiqueta de velha amizade com o Dr. Josué Trocado. De homem para homem Vasques Calafate fez o pedido. A obra aí está, maltratada, é verdade, mas ainda representa o sinete de Homens Nobres, de gente de palavra honrada. Os pescadores, os velhos, reconheceram no Dr. Vasques Calafate o seu paladino e quiseram perpetuar a sua figura e o seu espírito humanista no bronze. Fica a memória!

Como orador, recordo-me muito bem de que, quando se promovia uma manifestação de agradecimento ou de desagravo, o local de concentração se enchia de gente para ouvir Vasques Calafate. Ele galvanizava as multidões quando se ouvia o seu verbo.

Mais tarde, já eu moço, descobri o Dr. Vasques Calafate como jornalista através dos seus escritos no “Comércio da Póvoa” e nos jornais diários. Polemista difícil, não se dobrando, com razão, ao adversário nem às imposições da censura. Recordo que, quando o Governo de então comemorava os “25 Anos de Obras Públicas, apresentara um documentário cinematográfico no qual o nosso porto de pesca era dado como a mais perfeita e acabada obra do Estado Novo, Vasques Calafate quis contestar tal afirmação em artigo que pretendera publicar naquele semanário. A censura não permitira. De conluio com Agonia Frasco o artigo foi transformado em manifesto e distribuído com o jornal, ficando a Póvoa inteira e até o Governo a conhecer a verdade sobre o porto de pesca. Vasques Calafate era assim, íntegro, impoluto! Muitas vezes recusara ele a oferta de lugares na máquina do Governo.

Na qualidade de pedagogo e escritor vincou bem o seu saber, produzindo muitos livros didácticos e outros de belo recorte literário. Em Setembro de 1949 o Dr. Vasques Calafate teve o gesto, que muito me sensibilizou, de me ofertar um dos seus livros, o intitulado “Optimistas e Pessimistas”, que rubricara com uma dedicatória. Li-o então e agora com muito agrado. A crónica, “O Milagre da Vista” não é mais que Vasques Calafate integrado na personagem que criara, lutando em busca de um remanso depois das tempestades da vida. E encontrou-o nas velhas crenças dos pais.




 
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