Vida e Obra

Biografia

Nascimento e Infância
António Augusto César Octaviano da Rocha Peixoto nasceu na Póvoa de Varzim a 18 de Maio de 1866, no prédio n.º 20 da antiga  Rua da Silveira (actual Rua Rocha Peixoto). Foi aí, que decorreu a sua infância. O pai, António Luís da Rocha Peixoto, natural de Arcos de Valdevez, cirurgião miguelista, exerceu a sua profissão no Hospital da Misericórdia da Póvoa de Varzim, depois de uma passagem pelo o exército como médico militar. Do seu casamento com Constança Amélia da Costa Pereira Flores, natural de Vila do Conde, nasceram doze filhos. Aos oito anos de idade ficou órfão de pai, facto que o marcou profundamente, dificultando-lhe a infância e sobrecarregando-o com os encargos da subsistência da mãe e três irmãs.
Fisicamente, Rocha Peixoto era de constituição franzina, não possuindo musculatura, com peito sumido, o que augurava um mau presságio. De ar sisudo, acanhado e inteligente, tinha uma força de vontade enorme, vencendo dificuldades que a outros pareciam insuperáveis e incentivava-os com a sua crença e determinação. 

Percurso Escolar
Rocha Peixoto estudou no Colégio de Nossa Senhora do Rosário, no Porto, que foi fundado em 1866 pelo Padre Francisco Maria Henriques da Silva Pereira.
Em 1881, com quinze anos, Rocha Peixoto pertenceu ao corpo fundador de uma efémera revista de estudantes, “Boletim Litterario. Revista Academica Mensal” editada no Porto, com apenas três números (1 de Maio, 1 de Junho, 1 de Julho).
Em finais de 1883, com dezassete anos, adoptando o nome literário de Augusto César, publica no jornal povoense “A Independência” vários artigos desfavoráveis aos Jesuítas, respondendo a artigos publicados pelo estudante poveiro Afonso dos Santos Soares, que, mais tarde viria a ser padre.
Em 1884, Rocha Peixoto já frequentava o Instituto Escolar de S. Domingos, situado perto da Rua da Sovela e que se transformou na Escola Académica. Aqui afluíram um grupo de adolescentes, Eduardo Coimbra, António Nobre, Alexandre Braga, que mais tarde se notabilizaram em várias áreas.
Aquando da transferência da Escola Académica para a Quinta do Pinheiro, seguiu-se a convivência com Ricardo Severo, Fonseca Cardoso e Hamilton de Araújo, tendo estes jovens organizado o “Grémio Oliveira Martins”.
Em 1887, aos 21 anos de idade, ainda estudante, na Academia Politécnica do Porto fundou, com outros jovens, Fonseca Cardoso, João Barreira, Ricardo Severo e Xavier Pinheiro a “Sociedade Carlos Ribeiro”. A este grupo se juntaram outros intelectuais portuenses, como Basílio Teles, António Arroio, Oliveira Alvarenga, António Nobre e Augusto Nobre. Eram moços insatisfeitos e inteligentes, que em tumultuosas reuniões, numa casa ao Moinho de Vento, discutiam ideias e procuravam remédios para a crise nacional da época. Na esteira do movimento dos Vencidos da Vida, seu contemporâneo, este “escol da mocidade” portuense como escreveu o insuspeito Aarão de Lacerda “despertava no meio académico um anseio de realizações, de vastos e generosos programas que pretendiam arrancar o país da sua apagada e vil existência, marasmado no seu isolamento, perdida a consciência do que era e do que valia, liquidado por uma política sem rumo, inculto e pedinte”.
A “Sociedade Carlos Ribeiro” publicou a “Revista de Ciências Naturais e Sociais”, em cinco volumes, com vinte fascículos, de 1890 a 1898, tendo sido Directores Ricardo Severo e Rocha Peixoto, e depois, também Wenceslau de Lima.
A par dos estudos, Rocha Peixoto reunia-se com os amigos em banquetes e tertúlias musicais, tocando guitarra, sendo um exímio guitarrista com Fonseca Cardoso. Rocha Peixoto compôs uma valsa chamada “Lavandisca”. 

Carreira Profissional
Ainda jovem e com percurso académico incompleto, teve necessidade de começar a trabalhar, escrevendo para os jornais, pois tinha a seu cargo o sustento da sua família, mãe e irmãs, numa situação difícil, após o falecimento do seu pai.
Os artigos e folhetos denunciando a situação de degradação do Museu Municipal do Porto tiveram repercussões, exaltando os seus dotes de inteligência e de poder de raciocínio, impressionando até o Município.
A “Revista de Ciências Naturais e Sociais” foi um importante repositório nos domínios das ciências naturais, arqueologia, antropologia, história, folclore. Foi nesta publicação que Rocha Peixoto publicou alguns dos seus primeiros estudos ligados às áreas das ciências naturais: Museu Municipal do Porto (História Natural), as questões académicas, catálogo do Gabinete de Mineralogia, Geologia e Paleontologia, da Academia Politécnica do Porto.
De Dezembro de 1891 a Maio de 1892 secretariou a “Revista de Portugal”, da qual era director Eça de Queirós e subdirector Luís de Magalhães.
A sua colaboração estendeu-se a jornais e opúsculos, publicando artigos sobre variados temas, desde etnografia, erqueologia, folclore, vida colonial, arte e indústrias portuguesas, história, e expressando as mais variadas opiniões sobre instituições científicas, culturais e do ensino. O jornal do Porto onde escreveu mais artigos foi "O Primeiro de Janeiro" e o de Lisboa foi "O Século".
Em 1897 organizou o volume “A Terra Portuguesa”, compilando vinte e seis artigos que publicara no jornal portuense "O Primeiro de Janeiro".
Em 1898 a Sociedade Carlos Ribeiro foi dissolvida, e com o seu desaparecimento, acabou a edição da “Revista de Ciências Naturais e Sociais”, que durou apenas nove anos.
Um ano depois, em 1899 aparece a revista “Portugália”, com um cunho nacionalista, enraizada na índole cultural que vigorava, na altura, na cidade do Porto. Com Ricardo Severo como director, Rocha Peixoto como chefe de redacção, e Fonseca Cardoso como secretário, esta revista prosseguiu a obra iniciada pelo núcleo duro da Sociedade Carlos Ribeiro, tornando-se um repositório nos domínios da arqueologia, da história, da antropologia e da etnografia. Nela recolhe-se a história das nossas indústrias locais, das rendas, das filigranas, das olarias, dos azulejos, das cerâmicas, das comunidades primitivas, constituindo fontes de estudo para se reconstruir a vida do povo português nas idades remotas da existência social.
Nos dois volumes d'A Portugália, os seus trabalhos mais notáveis foram: Os Palheiros do Litoral, As Olarias de Prado, Uma iconografia popular em azulejos, Iluminação popular, Tabulae Votivae, As Filigranas, Os Cataventos, entre muitos outros.
A par destes estudos, Rocha Peixoto imprimiu na Portugália muita outra colaboração: artigos sobre temas arqueológicos, notícias sobre museus e escavações, elementos bio-bibliográficos de cientistas falecidos, críticas a livros de etnografia, de história, arte, ciências naturais e arqueologia, notas folclóricas, etc.

Na Academia Politécnica do Porto organizou, como naturalista, o Gabinete de Mineralogia, Geologia e Paleontologia, publicando os catálogos das respectivas colecções desta instituição.
Dedicou-se ao estudo e ao ensino da Mineralogia, Geologia e Paleontologia, desempenhando as funções de professor de Geografia e de Ciências Físico-Naturais na Escola Industrial Infante D. Henrique, no Porto.
Foi Bibliotecário no Ateneu Comercial do Porto, cargo que também exerceu na Biblioteca Municipal do Porto, chegando a Director desta instituição, que acumulou com o de Director do Museu Municipal do Porto.

Na Biblioteca Pública do Porto
Num artigo publicado em 1907, Sampaio Bruno, enquanto funcionário da Biblioteca, enaltece os benefícios da Biblioteca Pública Municipal do Porto, a S. Lázaro, sob a direcção de Rocha Peixoto.
Quando entrou para a Biblioteca encontrou os documentos e livros todos empilhados, sem estarem arrumados e inventariados. As condições físicas do edifício mostravam a ruína dos telhados, portas, janelas e soalhos.
Em Novembro de 1900, Rocha Peixoto envia um ofício à Câmara Municipal do Porto a denunciar o estado caótico da Biblioteca Pública, a nível do edifício e do tratamento dos documentos, solicitando mais recursos para aquisição de livros e remodelação das obras do edifício.
Quando conseguiu um aumento de verbas destinadas à Biblioteca, adquiriu obras raras, manuscritos e cartas geográficas, organizou secções próprias, como o Gabinete das Estampas, criou o Gabinete Cartográfico e a secção de Ex-Libris. Organizou o Inventario e o Catálogo gerais e os Catálogos parcelares e de especialidades. Reformou o quadro do pessoal, coordenou os serviços de estatística, e remodelou a antiga classificação bibliográfica.
Dotou a instituição de muitos livros modernos de história, literatura, ciências filosóficas, económicas, morais e sociais, procurando actualizar a bibliografia posta à disposição dos estudiosos.
Além destas tarefas de tratamento técnico, conseguiu que remodelassem o edifício, reparando tectos, soalhos, paredes, corredores, etc. Estabeleceu o serviço de conservação dos livros, melhorando o aquecimento do edifício e mandando edificar um novo salão para recolha de volumes.
Estas obras de beneficiação tiveram repercussão nos leitores, aumentando, tanto que em 1909 tornou-se necessário colocar na biblioteca “novas mesas ou estender a leitura ao segundo salão”.

No Museu Municipal do Porto
Rocha Peixoto entrou para o Museu Municipal do Porto (instalado num prédio da Rua da Restauração) em meados de 1900 para substituir Eduardo Allen, falecido no ano anterior. A Câmara do Porto nomeou-o interinamente, atribuindo-lhe o cargo de Conservador, lugar que acumulou com as funções de Director da Biblioteca, que na mesma época passara a exercer.
A sua relação com o Museu já vinha de trás, altura em que ainda estudante na Academia Politécnica escreveu, dando conta do estado de abandono em que as autoridades municipais deixaram o edifício. Aparece assim, o volume “O Museu Municipal do Porto (História natural)”, em que pugna pela valorização das colecções de ciências naturais e de pré-história existentes no edifício, ao mesmo tempo que inicia uma campanha a favor do museu. Também no jornal "O Primeiro de Janeiro", em 1893, num artigo O “Museu da Restauração” evocou a sua história, chamando a atenção para as colecções de numismática, de peças da arqueologia e de etnografia e para o abandono a que estavam votados os quadros existentes no Museu. No mesmo jornal, em 1894, sugeriu à autarquia a aquisição para o Museu, da colecção de faianças do poeta Guerra Junqueiro. Como o seu apelo não teve eco, essa colecção foi vendida ao Conde do Ameal.
Em 1897 fez parte de uma comissão incumbida de estudar a reorganização do Museu Municipal do Porto, e o seu alojamento em edifício próprio.
Aquando da sua entrada em 1900, para esta instituição, remodelou os espaços, organizando as secções de Mineralogia, Paleontologia, Etnografia, Arqueologia, Artes Decorativas e Numismática. Beneficiou um conjunto de pinturas e enriqueceu o espólio dos azulejos.
O Museu esteve fechado para obras de beneficiação desde fins de Julho de 1900 a 29 de Maio de 1901.
Por ocasião da sua reabertura, Rocha Peixoto mandou imprimir umas "Instruções Regulamentares Provisórias para os visitantes do Museu", que no ano seguinte, em 1902, foi transformado num Guia para visitantes.
Nesse ano, conseguiu o início da construção das novas instalações do Museu, num terreno municipal situado a norte da Biblioteca Pública.
Em 21 de Julho de 1905 fechava-se o velho edifício do Museu, na Rua da Restauração, transferindo-se as colecções museológicas para as dependências anexas à Biblioteca, sendo a secção lapidar distribuída pelo claustro. 
Com as verbas atribuídas ao Museu, enriqueceu o património artístico, adquirindo muitas peças de arqueologia, etnográficas, e de outros géneros.
Entre as aquisições feitas incluem-se as jóias proto-históricas de Laúndos e da Estela, lápides epigráficas, objectos luso-romanos, moedas, cerâmicas, machados de bronze, entre outros, muitas delas guardadas no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto.
Tencionava abrir as novas instalações do Museu, junto da Biblioteca Pública, em 1909, com as secções de Belas Artes, Etnografia, Numismática. Com a sua morte prematura o seu sonho foi adiado. Em 1912 abriram duas salas do Museu.

Obra literária e científica
Os seus trabalhos científicos abordaram várias áreas das ciências naturais, malacologia, antropologia, arqueologia, epigrafia, e mais intensamente no campo da etnografia e etnologia.
Os seus estudos e trabalhos científicos não eram só trabalhos de gabinete, eram memórias originais e de valor científico, pois Rocha Peixoto ia directamente aos locais, como afirma Luís de Magalhães: “com o seu blok-notes, a sua objectiva, o seu lápis, correu, palmilhou quase todo o país, sobretudo o Entre-Minho-e-Douro e Trás-os-Montes, subindo às serras, descendo aos vales, contornando o litoral, escavando nas ruínas das citânias ou remexendo nas necrópoles dos dólmenes, medindo crânios, observando tipos étnicos, visitando povoações arcaicas,...coleccionando os utensílios locais e os produtos das indústrias indígenas desde a cerâmica até á metalurgia, inquirindo do regímen da propriedade e dos sistemas de cultura, das superstições, das crenças, dos costumes imemoriais, das lendas, da poesia popular, ou fazendo croquis dos adornos do vestuário e da ornamentação dos mais vulgares objectos de uso doméstico.”
In
: Rocha Peixoto (depoimentos e manuscritos). Matosinhos: Câmara Municipal, 1966, p. 82.

Além de autor de numerosos trabalhos de grande mérito científico, Rocha Peixoto, também foi director, colaborador ou principal impulsionador de meritórias obras e publicações como: “Revista das Sciencias Naturaes e Sociaes”, “Revista de Portugal”, “Portugália”, “Serões”, “Ilustração Transmontana”, “Boletim do Atheneu Commercial do Porto”, “Annaes Scientificos da Academia Polytechnica do Porto” e “A Terra Portuguesa”. A sua valiosa colaboração estendeu-se, ainda, aos jornais da Póvoa de Varzim (“A Independência”, “O Liberal”, “Estrella Povoense”) e a jornais de Lisboa, Porto e de outras localidades (“O Século”, “A Província”, “O Primeiro de Janeiro”, “O Norte”, “Gazeta da Figueira”) e às revistas “Intermezzo”, “Revista de Hoje”, “Nova Alvorada” e “A Industria Portugueza”.
Flávio Gonçalves foi o mais completo biógrafo de Rocha Peixoto.

Rocha Peixoto e a revolução de 31 de Janeiro de 1891
A Revolta de 31 de Janeiro de 1891 foi o primeiro movimento revolucionário que teve por objectivo a implantação do regime republicano em Portugal. A revolta teve lugar na cidade do Porto.
O papel desempenhado por Rocha Peixoto na revolução de 31 de Janeiro foi evocado por Basílio Teles no seu livro “Do Ultimatum ao 31 de Janeiro (esboço de história política)”. Informa que foram Rocha Peixoto e Ricardo Severo quem na manhã de 31 de Janeiro chamaram Basílio Teles à Foz para lhe contar o que se estava a passar no Porto, inspeccionando os três amigos, a zona central da cidade, para conhecerem os movimentos das tropas leais ao Governo; foi Rocha Peixoto que a meio da manhã, redigiu o manifesto destinado à população civil e sobretudo aos operários, pelo qual se pretendia provocar focos de agitação que distraíssem as forças da Guarda Municipal; Basílio Teles e Ricardo Severo vendo a revolta comprometida, se separaram de Rocha Peixoto, partindo o Basílio para o sul e o Ricardo para o norte, à procura de reforços para os amotinados.

Rocha Peixoto e a Póvoa de Varzim
Rocha Peixoto manteve-se sempre ligado à sua terra natal. A Póvoa de Varzim está sempre presente na sua obra científica. A defesa dos interesses da comunidade e de modo especial dos da classe piscatória, encontrou sempre em Rocha Peixoto um fervoroso combatente.

- os pescadores poveiros
Estudioso da vida dos pescadores, foi um defensor da comunidade marítima poveira. Pugnou pela necessidade de se concluir o porto de pesca da Póvoa.
Já em 1887, projectava publicar um trabalho sobre os pescadores poveiros, facto que é mencionado em dois escritos, por Rocha Peixoto. No interior da capa do seu opúsculo "O Museu Municipal do Porto (História Natural)" informa ter em preparação os "Materiais para estudo etnográfico e antropológico dos povos do litoral – Póvoa de Varzim", livro que nunca chegou a publicar. No verso do anterrosto de "As deficiências de trabalho na Academia Politécnica", continua a anunciar “em preparação” o trabalho sobre os pescadores poveiros.
No artigo das Notas sobre a Malacologia popular também fala das tradições dos pescadores poveiros. Nos ensaios da Portugalia também aborda o tema. 
Fonseca Cardoso escreveu em 1908, um artigo sobre o poveiro, estudo antropológico dos pescadores da Póvoa de Varzim na Portugalia devido á influencia de Rocha Peixoto sobre esta temática, e depois de terem participado numa campanha cientifica em Setembro de 1907.
O seu estimulo provocou também Cândido Landolt a escrever o livro Folk-Lore Varzino, em 1915.
Os escritos de Rocha Peixoto sobre os poveiros, motivaram António dos Santos Graça a escrever o livro “O Poveiro”, obra consagrada à cultura da colónia piscatória poveira. Foi também, por sua interferência que, Santos Graça começou a compilar o que sabia sobre os costumes comunitários dos pescadores poveiros, para escrever o livro, em 1932.

- as escavações arqueológicas
O desempenho da sua acção na terra natal, não se limitou ao estudo dos pescadores. Focalizou vários aspectos do concelho poveiro nos diversos trabalhos publicados: as explorações arqueológicas.
Em 1892, Rocha Peixoto insurgiu-se contra a falta de protecção oficial das relíquias arqueológicas poveiras, e atentados de muitos particulares perante objectos de valor arqueológico.
Em Fevereiro de 1903, perante a descoberta do achado arqueológico no Alto de Martim Vaz, Póvoa de Varzim – fragmentos de olaria luso-romana e objectos de pedra, Rocha Peixoto, na altura a passar férias de Carnaval na Póvoa visitou o local e mandou chamar o arqueólogo José Fortes, no Porto, para emitir o seu parecer. Depois de ter vindo e analisado os materiais encontrados, ambos chegaram à conclusão de se proceder às escavações, iniciando uma campanha de divulgação em favor das ditas escavações, acolhendo receptividade nos ilustres da vila, de então. Com o apoio do município, Presidente da Câmara, David José Alves e outros poveiros, executaram-se as ditas escavações sob orientação de José Fortes.
No ano seguinte José Fortes publicou o resultado das investigações em artigos do jornal local Estrella Povoense  que, mais tarde reuniu num livro “Restos de uma villa lusitano-romana”, editado em 1905.
Além das ruínas do Alto de Martim Vaz , vestígios de construções e objectos cerâmicos, da época dos romanos, apareceram também na Póvoa de Varzim, na Rua da Junqueira, (1898) e na zona da Vila Velha (1905).
Parece que Rocha Peixoto transportou para o Museu Municipal do Porto parte dos achados arqueológicos do Alto Martim Vaz.
Estas descobertas provaram ao norte da vila, de uma herdade luso-romana com três grandes construções.
Acompanhou também as escavações das cividades ou castros de Terroso e Laúndos.
Em 5 de Junho de 1906 iniciou-se uma campanha de escavações em Terroso, subsidiada por António Francisco dos Santos Graça, por influência de Rocha Peixoto. Este e José Fortes dirigiram as ditas escavações. Interrompida em Outubro, por causa do mau tempo, recomeçou em Maio do ano seguinte, 1907.
Estas descobertas incluíam mais de cem edificações e seus anexos.
Rocha Peixoto e José Fortes tencionavam publicar uma Memória sobre os resultados das escavações em Terroso, sob o título Cividade de Terroso, projecto não concretizado com a sua morte.
As explorações de Terroso serviram de incentivo às do castro de Laúndos, realizadas durante três meses de 1907, a expensas do Dr. David José Alves, após a descoberta no local de jóias proto-históricas.
As peças exumadas nos castros de Terroso e de Laúndos foram transportadas para o Museu Municipal do Porto por sugestão de Rocha Peixoto, dado a Póvoa de Varzim não possuir nessa altura ainda um Museu (1906).
Também o Museu Municipal do Porto adquiriu as duas arrecadas de ouro luso-romanas e uma calote ou bolo de prata, encontradas dentro de um vaso de barro, no castro de Laúndos, no alto do monte de S. Félix, em Abril de 1907.
Um ano mais tarde, em 18 ou 19 de Abril de 1908 foram encontradas noutra freguesia do concelho poveiro, Estela, no lugar da Vila de D. Mendo, um vaso com objectos proto-históricos de ouro: um colar com pendentes, duas arrecadas, torques, fragmentos de ouro e prata, etc. Mais uma vez, por intermédio de Rocha Peixoto, o Museu do Porto, adquirindo a totalidade do tesouro. 
Foram várias as espécies arqueológicas e etnográficas que Rocha Peixoto levou para o museu portuense, evitando o abandono e degradação. Alguns exemplos são arca funerária medieval de S. Pedro de Rates, capitéis do século XII de Rates, capital românico historiado da igreja matriz de Amorim, três marcos divisórios da Casa de Bragança, de granito e armoriados, de Amorim, Beiriz e Terroso.
Em 1908, Manuel Monteiro escreve a monografia sobre a igreja matriz de S. Pedro de Rates, por influência e insistência de Rocha Peixoto.

- questão da naturalidade de Eça de Queirós
Em 1903 há quem lhe atribua a ideia da colocação de uma placa evocativa no prédio onde nascera Eça de Queirós, em 1845.
Duas semanas antes da inauguração da placa de bronze, alguns vila-condenses impugnaram a naturalidade poveira do escritor, baseados no facto do seu baptismo ter sido realizado em Vila do Conde, em fins de 1845.
A Câmara Municipal da Póvoa de Varzim solicitou a Rocha Peixoto argumentos que provassem a naturalidade poveira de Eça.
Rocha Peixoto conseguiu reunir importantes testemunhos que, garantiam o nascimento de Eça de Queirós na Póvoa de Varzim, expressos numa carta escrita pela própria mãe do romancista, e uma antiga carta do pai, entre outras fontes. Estes documentos guardados pela autarquia poveira foram publicados nos jornais locais em Novembro de 1906, num relatório redigido por Rocha Peixoto.

- Instituições poveiras ligadas ao nome de Rocha Peixoto 
- Biblioteca Municipal Rocha Peixoto
A Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim, fundada em 1880, com a designação de “Biblioteca Popular Camões” e inaugurada no edifício da Câmara Municipal, em cerimónias integradas nas comemorações do tricentenário da morte de Luís de Camões, tinha um núcleo bibliográfico de 150 volumes.
A 12 de Março de 1913 foi enriquecida com 2.794 volumes legados por decisão testamentária de Rocha Peixoto. Este fundo bibliográfico era constituído por obras de arqueologia, história, etnografia, ciências, entre outras.
Em 1920, a Biblioteca funciona numa das dependências da Escola Rocha Peixoto, na Praça Marquês de Pombal. 
Em 1932 é incorporada no Liceu Eça de Queiroz.
Em 1951 é transferida para as dependências camarárias, sendo mais tarde, em 1956 instalada no 1º andar do edifício dos Serviços Municipalizados da Câmara Municipal.
Em 1965 há a transferência da Biblioteca para a antiga Sala do Tribunal da Comarca, no edifício dos Paços do Concelho.
A 23 de Março de 1966 foram inauguradas as novas instalações da Biblioteca, no edifício da Câmara Municipal, intitulando-se Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, em cerimónia integrada nas Comemorações do 1º Centenário do seu nascimento, tendo sido descerrada a respectiva placa comemorativa, pelo Coronel José Monteiro da Rocha Peixoto, sobrinho do homenageado. Nesse acto inaugural, o Dr. Flávio Gonçalves realizou, no Salão da Biblioteca uma conferência subordinada ao tema – Rocha Peixoto e a Póvoa de Varzim”.
Nessa altura, a Biblioteca possuía 7.507 volumes.
Em 1986 é transferida para instalações provisórias na Praça Luís de Camões, nº 15.
Um ano mais tarde, 1987 aderiu à Rede Nacional de Leitura Pública, dando-se início ao processo de construção do novo edifício.
Em 30 de Novembro de 1991 é inaugurado o novo edifício da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto.

- Escola Secundária Rocha Peixoto
A Escola Secundária Rocha Peixoto teve as suas origens na Escola Primária Superior.
Em 1919 foi instalada no palacete de António Luís Postiga, na Praça Marquês de Pombal (actual edifício da PSP). Passou a intitular-se Escola Primária Superior de Rocha Peixoto.
A escola evoluiu para estabelecimento de ensino industrial, sendo denominada em 25 de Outubro de 1924, Escola Industrial de Patrão Sérgio. Em inícios de Novembro desse ano é convertida em escola industrial e comercial, denominando-se Escola Industrial e Comercial de Patrão Sérgio.
Em 21 de Novembro do mesmo ano de 1924, a escola passa a chamar-se Escola Industrial e Comercial de Rocha Peixoto, em homenagem ao “ilustre professor de ensino técnico e distinto etnólogo”.
Em 1925, a escola retoma a designação Escola Industrial e Comercial da Póvoa de Varzim Patrão Sérgio. Em fins desse ano volta a chamar-se Escola Industrial e Comercial de Rocha Peixoto.
Em 1930 foi extinto o curso industrial, passando a ter o nome de Escola Comercial de Rocha Peixoto.
Em 1948 foi denominada pelo nome da localidade, como sendo Escola Industrial e Comercial da Póvoa de Varzim, instalada ainda no palacete do “Postiga” até 1952. A partir dessa data passou a ocupar a antiga Fábrica do Gás (situada no espaço actual do bairro dos pescadores) até ao ano de 1962.
A 2 de Junho de 1962 houve a inauguração oficial da nova escola situada na Praça Luís de Camões, mandada construir em 1959, concluindo as obras em Novembro de 1962. Foi entregue à Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário.
Em 22 de Novembro de 1979, a Escola passou a designar-se Escola Secundária de Rocha Peixoto.
Em 1981, com a presença do Ministro da Educação e Cultura, Professor Doutor José Augusto Seabra, foi realizada na Escola uma sessão solene em homenagem a Rocha Peixoto, por ser outra vez patrono desta instituição educativa.

Morte
Faleceu em Matosinhos, a 2 de Maio de 1909, a poucos dias de completar 43 anos.
Ao falecer desempenhava funções de naturalista-adjunto da Academia Politécnica do Porto, Director da Biblioteca Pública e do Museu Municipal do Porto, Professor da Escola Industrial Infante D. Henrique, do Porto.
O seu corpo foi enterrado no Cemitério de Agramonte (Porto) e mais tarde, transferido para o Cemitério da Póvoa de Varzim, a 16 de Maio de 1909, a pedido da Câmara Municipal da nossa terra.
A sua morte prematura veio cortar uma vida profissional intensa, tendo ficado incompleta uma obra de valor inestimável.