Evolução da construção FASEAMENTO CONSTRUTIVO DA LANCHA POVEIRA DO ALTO
Verdadeiro projecto de arqueologia experimental, iniciado em 1991 com a reconstituição de um barco construído segundo os moldes e modelos tradicionais locais e com concurso de carpinteiros navais ainda representativos desta tradição. Foi possível, assim gerar-se um centro de experiencias das técnicas de navegação e, ao mesmo tempo, aliciar e estimular a aventurosa aprendizagem de jovens através da instrução prática dada por velhos pescadores da comunidade marítima poveira.
O projecto museológico vivo encarnado na Lancha Poveira, deve-se sobretudo, à cooperação desenvolvida entre o Museu Municipal, o Clube Naval Povoense e o apoio concedido pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.
Calendarização e roteiro
1 – 27 de Fevereiro de 1991
1.1 – Levantamento da quilha no picadeiro
1.1.1 – Montagem da estada (registo das operações finais);
1.1.2 – Aprumagem da roda de proa;
1.1.3 – Colocação das primeiras cavernas;
1.2 – Traçagem das Cavernas na Sala do Risco
1.2.1 – Plano geométrico da Lancha – do papel para a grandeza;
1.2.2 – Explicitação da origem das formas;
1.3 – Rituais Sociais e de Protecção Mágica e Religiosa
1.3.1 – Pregagem ritual da caverna mestra por um velho pescador;
1.3.2 – Colocação do alho-porro, no alto do capelo e da cruz, na ré;
1.3.3 – Entalhamento de um sanselimão e de uma moeda debaixo da caverna;
2 – Março de 1991
2.1 – Montagem das Cavernas mestras e armadouras
2.1.1 – Aprumagem e nivelagem a bombordo e a estibordo;
2.2 – Meter o Coral (por cima da quilha na ré)
2.2.1 – Piscas e hastes;
3 – Março de 1991
3.1 – Cintagem – Cintar o barco: colocar-lhe as cintas e uma e outra banda, depois das cavernas devidamente aprumadas.
4 – Abril de 1991
4.1 – Vestir a Lancha
4.1.1 – Colocação da Tábua de Boca;
4.2 – Aparelhagem das Cavernas – Aperfeiçoamento interior (fase final)
4.3 – Colocação dos dormentes e bancos
5 – 18 de Maio de 1991 – Dia Internacional dos Museus
5.1 – Colocação dos Leitos – pequenas cobertas, à proa e à popa do barco poveiro, adoptados depois do “27 de Fevereiro de 1892”
5.2 – Colocação das Tostas, galeotas e corredores
5.3 – Colocação da carlinga
6 – Junho de 1991
6.1 – Fechamento da Lancha da tábua de boca à do resbordo
6.1.1 – Colocação dos Fechos, no bojo, por todo o comprimento da embarcação;
6.1.2 – Colocação da Tinga, à ré, por cima da tábua de resbordo;
7 – Julho de 1991
7.1 – Acabamentos e calafetagem
7.1.1 - Acabamentos e aperfeiçoamentos exteriores;
7.1.2 – Mão de aparelho – vedante e protector antigamente feito com óleo de peixe;
7.2 – Calafetagem
7.2.1 – Introdução de estopa (na tábua do resbordo e alefrizes) e algodão nas juntas exteriores do casco da embarcação;
8 – Agosto de 1991
8.1 – Feitura dos aprestos; mastro, verga, remos
8.2 – Pintura da lancha
8.2.1 – Cópia fiel da lancha “fé em Deus”, com todas as suas Divisas; Inovocação, Óculos e Quatro piques em Cruz;
9 – 18 de Setembro de 1991 – 87º. Aniversário da Fundação do Clube Naval Povoense
9.1 – Bota Abaixo / Lançamento à Água – condução do barco, de onde está varado, até à linha da maré
10 – 19 de Outubro de 1991
10.1 - Primeira viagem e arribada a La Guardia (Galiza)
11 – 25 de Julho de 1992
11.1 - Participação na “IV Regata Galeões do Sado”, no percurso Lisboa – Setúbal
12 – 9 de Julho de 1993
12.1 - Segunda viagem à Galiza. Arribada ao porto de Ribeira (Ria de Arousa) e participação no “I Encontro de Embarcaciones Tradicionales/Galiza 93”
13 – 3 de Julho de 1994
13.1 - Primeira viagem ao Douro e participação nas festas de S. Pedro da Afurada
14 – 9 de Julho de 1994
14.1 - Participação nas “Regatas S. Pedro”, no percurso Leixões – Póvoa
15 – 5 de Agosto de 1994
15.1 - Segunda viagem ao Douro e participação na largada da regata “Cutty Sark Tall Ship Races – Prince Henry Memorial”
16 – 22 de Junho de 1995
16.1 - Terceira viagem à Galiza. Arribada a Coruxo (Ria de Vigo) e participação no “II Encontro de Embarcaciones Tradicionales/Galiza 95
Um projecto de recuperação e salvaguarda do nosso Património Marítimo. Um projecto de acção cultural e social num Museu Vivo. Um projecto de estudo, investigação e práticas das Artes Tradicionais da Construção Naval, da Vela e da Navegação. Um projecto de interesse eminentemente turístico. A única embarcação à vela de alto mar existente no pais e tripulada por pescadores. Um Sonho à procura de sonhadores. Um novo rumo para o Mar.
Notícias da Lancha, N.º 1 (27 Fevereiro 1991), p. 4-5. Adaptado. |