[ texto do 2º painel ]
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| | texto do 1º painel Tintim sou eu!
Era assim mesmo que Hergé, pseudónimo de Georges Remy, se referia à sua criação – tal como Flaubert dizia de Madame Bovary. «Tintim sou eu!» Nascido a 22 de Maio de 1907, Hergé era reservado, pouco disposto a falar de si próprio. Nas entrevistas, mostrava pressa em mudar de assunto quando este se focava na sua vida, na sua infância monótona, na sua educação rígida e burguesa. Mas era prolixo quando se tratava das suas personagens e dos seus métodos de trabalho. Tintim era mais do que filho único, era o seu alter ego. E, afinal, como se construiu o planetário sucesso destas 24 aventuras em 50 anos, transversais a modas, épocas, geografias? Para além, é claro, da elegância, apuramento do traço, do humor, da qualidade das histórias, da caracterização das personagens, do ritmo narrativo e da imensa imaginação dos gags…
Tintim é uma personagem estranha: não tem super poderes mas é invencível; diz-se repórter mas, salvo no primeiro álbum, não exerce a profissão; tem ar de adolescente mas comportamento de adulto… Não tem idade definida, nem família, nem namorada, nem sombra de romance se intromete nas suas aventuras… Ele é uma espécie de abstracção, e talvez essa neutralidade (Tintin em francês significa nada, rien du tout ) seja a coerência da personagem, essencial à identificação com leitor – dos 7 aos 77. Nas próximas páginas, alguns capítulos do universo tintinesco e as pranchas da nossa homenagem. |