
[ + recuperação da lancha poveira ]
| | Características A LANCHA POVEIRA DO ALTO é o modelo maior de um conjunto de embarcações de pesca da mesma estirpe, conforme segue (Santos Graça – O Poveiro- 1932, p. 187):
Lancha Grande:
maior (13,60X3,40X1.25)
menor (12,40X3,70X1,40).
Lancha Pequena :
maior (11,80X3,45X1,25)
menor (10,15x2,25X1,12).
Batel:
maior (9,45X2,50X1,30)
menor (8,00X2,90X1,05).
Catraia Grande:
maior (7,50X2,70X1,03)
menor (6,00X2,00X1,00).
Catraia Pequena:
maior (5.95X2,35X0,85)
menor (4.00X1,50X0,53).
Caico:
maior (3,60X1.50X0.70)
menor (2,10X0,60X0,45).
Segundo o mesmo autor “a lancha grande era exclusivamente para a pesca da pescada; o batel e a lancha pequena, para correr a costa na pesca da sardinha; a catraia grande (…) para a pesca à linha no alto e caçada da raia; a catraia pequena para a pesca da sardinha em redor da enseada, espinhel e outras pescas terenhas; o caico para a faneca” (id. ob. p. 186). O número de tripulantes variava entre 30 e 40 nas lanchas, aos dois dos botes mais pequenos.
São todos os barcos de boca aberta, de quilha, roda de proa e cadaste, cavernas completadas com braços pregados de encosto, e forro de tabuado liso, assente depois de montada a ossada.
Barcos de duas proas a sua forma seria a de uma autentica casca de noz se o marcado lançamento da roda de proa, a contrastar com o cadaste recto e apinado, o maior pontal à proa, os pronunciados delgados de proa e de popa não lhe conferissem uma elegância que neutraliza a forte rotundidade dos lombos, na transição entre os fundos quasi rasos e as ilhargas pouco abertas: “com respeito `*as suas condições náuticas são estas embarcações muito boieiras em virtude da sua leveza e da forma aberta que têm para cima e deslizam com facilidade e presteza sobre as águas, tanto à vela como a remos” (Baldaque da Silva – Estado Actual das Pescas em Portugal – 1981, p. 519).
Armam uma grande vela de pendão de amurar à proa, em mastro situado cerca do inicio da roda de proa, o qual trabalha entre galeotas, sujeito por malhetes, de modo a poder variar a sua inclinação. Como não dispõem de patilhão a função deste é assegurada por leme alteado.
Os remos, de taco e contrataco (chapuzes), apoiam nas chamuceiras e dispõem de chamas (toletes) como eixo de giração.
As Lanchas do Alto dispunham de uma tilha, à proa. Mais tarde – com a Tragédia de 27 de Fevereiro de 1892 – substituídas pelos leitos de proa e popa, guarnecidos de escotilhas, completados ao longo das bordas por dois caleiros inferiores, os corredores, para defesa contra as entradas de água.
Estas embarcações, adoptadas pelas colmeias pescadeiras da Galiza, sob a designação de lanchas xeiteiras, por influência dos catalães, a partir do Século XVIII (Staffan Morling – Las Embarcaciones Tradicionales De Galicia – 1989, p. 328), naturalmente passaram a constituir o equipamento normal das colmeias portuguesas afins – as do Noroeste – com destaque para a Póvoa de Varzim, então a mais importante: e, depois, estenderam o seu raio de influência a Buarcos e Lavos, chegando mesmo à Nazaré, a Cascais, Sesimbra e Setúbal.
OCTÁVIO LIXA FELGUEIRAS |