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| | biografia O Padre José Joaquim Martins Gesteira nasceu na Póvoa de Varzim em 19 de Novembro de
1814 e faleceu em 4 de Agosto de 1891. O P. José Gesteira, músico, poeta, orador, sagrado,
jornalista e político, escreveu uma história da nossa terra intitulada «Memorias Históricas da
Vila da Póvoa de Varzim», porto, 1851; publicou dois opúsculos com sermões, intitulados:
«Oração na solenidade da aclamação d’el-rei o senhor D. Pedro V, celebrada em acção de
graças pelo glorioso pontificado do SS. Padre Pio IX, na Igreja matriz da Póvoa de Varzim em 21
de Junho, 25 anno da sua exaltação ao Solio» (Póvoa de Varzim, 1871, com 13 páginas).
O P. Gesteira concorreu por duas vezes deputado pelo Circulo Político de Vila do Conde –
Póvoa de Varzim (a nossa emancipação politica só foi obtida em 06 de Abril de 1886, passando
a ser o círculo nº 25), tendo de ambas as vezes perdido por roubalheira eleitoral. Segundo
Cândido Landolt, P. Gesteira também foi um grande político desejando erguer bem alto o nome
do seu berço natal e defender no Parlamento os vitais interesses da Póvoa, nomeadamente da
classe piscatória. Assim, aceitou, por duas vezes, a proposta do povo para receber o diploma
de deputado oposicionista contra os governamentais sendo das duas vezes a eleição roubada à
força armada.
«O P. José Gesteira era culto e escrevia com facilidade e tinha uma veia satírica apreciável. Aí
por 1850 e tal, foi proposto deputado e obteve uma votação notável, pelas suas ideias liberais
e por cobrir a sua candidatura com as reclamações da classe piscatória; mas essa eleição foi
audaciosamente falseada, pelos representantes da política adversa, que era a do governo de
então, de nada lhe valendo os protestos dele e dos amigos, pelo que não foi ao parlamento».
Aquando do seu falecimento, o semanário local «Estrela Povoense», de 09 de Agosto de 1891,
assim se referiu ao Padre Gesteira: «Era eclesiástico muito ilustrado, um excelente
músico/cantor e compositor –, um apaixonado cultor das Musas e um literato muito apreciável,
possuindo uma selecta livraria, que conseguiu reunir à custa de muitos trabalhos e sacrifícios
pecuniários, honrando as colunas deste jornal com os seus artigos sempre sensatos e
humorísticos».
Cândido Landolt terminou assim a sua apreciação sobre o P. Gesteira: «…viveu sempre
rodeado da inveja dos cretinos a quem a sua pena escalpelizava sem piedade, e a sua memória
foi votada ao mais ultrajante esquecimento como as suas cinzas ficaram perdidas na labirinto
do antigo cemitério das Dores».
BARBOSA, Jorge – Toponímia da Póvoa de Varzim. Póvoa de Varzim Boletim Cultural. Póvoa de Varzim:
Câmara Municipal, Vol. XIII, nº1 (1974), p. 121-123.
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