[ registo de baptismo ]
[ a obra ]
[ espólio ]
[ folheto bio-bibliográfico ]
[ biblioteca digital ]
[ + personalidades ]
| | a vida António Augusto da Rocha Peixoto nasceu na Póvoa de Varzim a 18 de Maio de 1866 e faleceu em Matosinhos, em 2 de Maio de 1909, tendo o seu corpo sido, depois, levado para o Cemitério de Agramonte (Porto) e transferido para o Cemitério da Póvoa de Varzim, em 16 de Maio de 1909, a pedido da Câmara Municipal da nossa terra. [...]
É notável e vasta a sua obra como naturalista, professor, etnólogo, antropólogo, escritor e jornalista.
“De entre os filhos da Póvoa de Varzim, criados naquela terra e a ela fortemente presos por laços de sentimento, de trabalho e de família, Rocha Peixoto constitui a maior figura intelectual até hoje ali nascida” segundo o conceito exacto e certo do seu mais abalizado biógrafo – o seu também conterrâneo Dr. Flávio Gonçalves. [...]
Rocha Peixoto formou-se na antiga Academia Politécnica do Porto, dedicou-se ao estudo e ao ensino da Mineralogia, Geologia e Paleontologia, tendo sido, também professor da Escola Industrial do Infante D. Henrique. Foi Director da Biblioteca Pública Municipal do Porto, tendo sido notável, também, a sua acção e actividade no Museu Municipal do Porto (integrado, depois, no Museu Nacional de Soares dos Reis) e na organização de diversos catálogos da Academia Politécnica do Porto e do Ateneu Comercial do Porto.
Autor de numerosos trabalhos de grande mérito cientifico, foi Rocha Peixoto, também, director, colaborador ou principal impulsionador de meritórias obras e publicações como “Revista das Sciencias Naturaes e Sociaes”, “Revista de Portugal”, “Portugalia”, “Serões”, “Ilustração Transmontana”, “Boletim do Atheneu Commercial do Porto” e “Annaes Scientificos da Academia Polytechnica do Porto”; a sua valiosa e apreciada colaboração estendeu-se, ainda, aos jornais da Póvoa de Varzim (“A Independência”, “O Liberal”, “Estrella Povoense”) e a jornais de Lisboa, Porto e de outras localidades (“O Século”, “A Provincia”, “O Primeiro de Janeiro”, “O Norte”, “Gazeta da Figueira”) e às revistas “Intermezzo”, “Revista de Hoje”, “Nova Alvorada” e “A Industria Portugueza”.
Tanto a vasta e variada obra científica e literária de Rocha Peixoto, [...] como todos os depoimentos e testemunhos alheios referentes à forte personalidade deste ilustre e eminente luminar da intelectualidade portuguesa, foram paciente e eficientemente recolhidos e reunidos pelo seu mais apaixonado biógrafo – o Dr. Flávio Gonçalves, que “detectou quase integralmente a obra escrita de Rocha Peixoto” em “recolha tão minuciosa quanto possível - feita com persistência e rigor, através de uma vasta gama de fontes de pesquisas”, conforme as suas próprias palavras. [...]
A Biblioteca Municipal da Póvoa de Varzim, fundada em 1880 com a designação de “Biblioteca Popular” e depois “Biblioteca Camões”, foi enriquecida com 2794 volumes legados por Rocha Peixoto, no seu testamento e às 21h30 horas do dia 23 de Março de 1966, em cerimónia solene, passou a denominar-se “Biblioteca Municipal Rocha Peixoto”, tendo descerrado a respectiva placa comemorativa, o Coronel José Monteiro da Rocha Peixoto, sobrinho do homenageado. Nesse acto inaugural, o Dr. Flávio Gonçalves realizou, no Salão da Biblioteca (no edifício da Câmara Municipal), uma conferência subordinada ao tema – Rocha Peixoto e a Póvoa de Varzim”.
A nossa Escola Industrial e Comercial também se chama de Rocha Peixoto. [...]
In BARBOSA, Jorge – Toponímia da Póvoa de Varzim.
Póvoa de Varzim: Boletim Cultural. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal. Vol. XVII, n.º 1 (1978), p. 110 – 115.
[...] Filho de um médico do Hospital e de uma senhora de Vila do Conde, ficou órfão de pai aos oito anos de idade e esta circunstância marcou profundamente a sua vida porque sendo escassos os rendimentos familiares impõe a si próprio uma intensa disciplina de trabalho a fim de prover aos estudos na Academia Politécnica do Porto e assistir à mãe e três irmãs. [...]
In: Escola Secundária Rocha Peixoto: 75 anos de Rocha Peixoto. [Póvoa de Varzim: s/n, 2000], p. 5.
A “Portugalia”, a magnífica revista que ele fundou com Ricardo Severo e Fonseca Cardoso, e de que era redactor-chefe, recolheu uma série de monografias dum valor incomparável. Nela se encontra feita, em páginas perduráveis e de rara elevação critica e literária, a história das nossas industrias locais, das rendas, das filigranas, das olarias, dos azulejos, das cerâmicas, das comunidades primitivas, e aí encontrará o historiador elementos de estudo, para reconstruir a vida do povo português nas idades remotas da sua existência social. A sua absorvente preocupação era deixar uma obra larga que fosse um verdadeiro monumento; e nesse sonho febril, em busca de materiais para a realizar, consumiu uma existência de atormentado trabalho.
In: A Póvoa de Varzim, 5º ano, n.º 3 (Dez. 1915), p. 6.
Em 1887 Rocha Peixoto, Fonseca Cardoso, João Barreira, Ricardo Severo e Xavier Pinheiro, todos jovens, fundam na cidade do Porto a “ Sociedade Carlos Ribeiro ”, cujos estatutos são aprovados oficialmente em Agosto do ano imediato. Aos fundadores se juntaram logo outros intelectuais portuenses, como Basílio Teles, António Arroio, Oliveira Alvarenga, António Nobre, Augusto Nobre, etc. Eram moços insatisfeitos e inteligentes, que em tumultuosas reuniões, numa casa ao Moinho de Vento, discutiam ideias e procuravam remédios para a crise nacional da época. Na esteira do movimento dos Vencidos da Vida, seu contemporâneo, este “escol da mocidade” portuense como escreveu o insuspeito Aarão de Lacerda “despertava o meio académico num anseio de realizações, de vastos e generosos programas que pretendiam arrancar o país da sua apagada e vil existência, marasmado no seu isolamento, perdida a consciência do que era e do que valia, liquidado por uma política sem rumo, inculto e pedinte”.
In: GONÇALVES, Flávio – Rocha Peixoto: nas vésperas do centenário do seu nascimento. Póvoa de Varzim, Câmara Municipal, 1965, p. 12.
Na história da Etnografia nacional Rocha Peixoto é uma figura específica e de recorte nítido, como arado brilhante que rasgou novos e fecundos sulcos. Apaixonado pela forma da cultura material do povo, ele foi, se não o fundador, pelo menos o mais activo pioneiro, e o primeiro cultor acabado, dos nossos estudos de ergologia (e de tecnologia). Por outro lado, o seu interesse pela organização comunitária das populações serranas, sobre a qual recolheu grande soma de elementos, coloca-o na origem dos intérpretes de um dos mais típicos aspectos da etnossociologia portuguesa.
Flávio Gonçalves
In: PEIXOTO, Rocha – Etnografia Portuguesa. Lisboa: D. Quixote, 1990, p. 15.
Foi no campo da Arqueologia e, principalmente, no da Etnografia e Etnologia que se distinguiu de modo superior. “Sobre as explorações de Terroso e Laundos escreveu: A Portugalia memora, ao encerrar¬se o presente volume, um dos factos culminantes para a História da Arqueologia entre nós. Trata-se da vasta exploração de toda a acropole da cividade de Terroso e ainda d`algumas suas dependencias, em duas campanhas sucessivas, cada uma de alguns mezes, nos annos de 1906 e 1907 [...]”
In: Póvoa de Varzim: Boletim Cultural. Póvoa de Varzim: Câmara Municipal: Vol. XV, n.º 2 (1966), p. 154. |