[ Patrão Lagoa. O sonho de ser Cabo-de-Mar ]
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| | "O Patrão Lagôa" O Patrão Lagôa
Há oito anos que êste inclito poveiro deixou de existir.
É sempre para nós gratíssimo recordar a memória daqueles que, como o mestre Lagôa, tanto souberam honrar, em vida, com os seus feitos heróicos o torrão que os viu nascer.
Porque o Lagôa não foi só um grande poveiro pelos serviços relevantíssimos que prestou á Póvoa como Patrão do Salva-vidas. Isto é, não foi só lutando com as ondas encapeladas e arrancando-lhes muitas vidas que já estavam prestes a tragar que Lagôa se mostrou póveiro ilustre e dedicado. Muitos outros serviços lhe prestou, estando sempre pronto para secundar com o seu braço e com a sua coragem todas as iniciativas que tendêssem ao engrandecimento da Póvoa.
Mas onde o Patrão Lagôa se mostrou verdadeiramente grande, de um heroísmo que tocou as raias da temeridade, foi nesse memorável naufrágio do “Veronese” onde – quem sabe? – talvez adquirisse a terrível doença que implacávelmente o havia de vitimar.
Não querêmos pois, deixar passar esta data do aniversário do seu passamento sem desfolhar sôbre a sua memória as pétalas da nossa grande saüdade, assim como a nossa gratidão de póveiros não consente que passasse mais um ano sôbre a data da sua morte, sem que lembrássemos á Póvoa o dever que tem de prestar homenagens aos seus filhos mais dignos, que mais serviços lhe prestaram em vida – pois, infelizmente nem tantos são êsses filhos da Póvoa que mereçam essas homenagens.
Para com a memória do Patrão Lagôa, essa figura de alto relêvo moral, está ainda a Póvoa com uma dívida em aberto.
Pugnar pelo seu pagamento é o que a nossa gratidão nos sugere neste momento.
Oxalá que em breve assim aconteça.
Patrão Lagoa – In: “O Comércio da Póvoa de Varzim”, Ano 24 – Nº 28, (07-07-1927).
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