| |
Flora Photographica: folhas, flores, frutos
Fotografia de Carlos Capelão e Henrique Souto
Inaugura no dia 9 de Agosto, pelas 21h30, na Galeria da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, na Póvoa
de Varzim, a exposição Flora Photographica: flores, folhas, frutos, com trabalhos de Carlos
Capelão e de Henrique Souto. Estarão expostas fotografias em grande e médio formato, a par de uma
projecção multimédia de outras obras dos autores.
Durante o decorrer da exposição estarão disponíveis para venda edições especiais de fotografias e de
postais cujos fundos reverterão a favor do Projecto de Estimulação Multissensorial, da Santa Casa
da Misericórdia da Póvoa de Varzim, destinado a doentes em estado avançado de demência.
Sobre os autores
Carlos Capelão nasceu em Moçambique em 1957, onde residiu até 1983. Vive na Póvoa de Varzim.
Desempenhou funções de Key Account Manager numa multinacional sueca até final de 2012. É fotografo
freelancer desde 2013.
Website: http://www.ccapelaophotos.com/
Membro em http://www.flickr.com/photos/carloscapelao/
Henrique Souto nasceu em Moçambique em 1958, onde residiu até 1976. Vive e trabalha em Lisboa. É
geógrafo e professor na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e
fotógrafo amador. Realizou a sua primeira exposição individual em 2009 na Sociedade de Geografia de
Lisboa. Fotografias suas têm integrado diversas exposições colectivas, em Portugal e no estrangeiro,
nomeadamente em Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte, Alemanha, Austrália, Estados Unidos da América. A
qualidade das suas imagens tem tido reconhecimento internacional (entre outras distinções, venceu duas
categorias do International Garden Photographer of the Year nos anos de 2007 e 2011).
Website: http://www.henriquesouto.net/
Blogue: http://segundaescolha.blogspot.pt/
Que o caminhante não passe indiferente ao pedido destas imagens para que encontremos uma relação
harmoniosa de cores e linhas, uma sintonia entre a natureza representada e o olhar e a mente que a
observam. Guiado por formas que se aproximam da máxima nitidez, o nosso espírito hesita entre a realidade
e o devaneio enquanto nos perguntamos se Carlos Capelão e Henrique Souto sonharam estas flores, estas
folhas e estes frutos, ou se foram as flores, as folhas e os frutos que tocaram a humanidade e o sentido
do maravilhoso destes fotógrafos. O resultado contém o estatuto e o enigma de um acto criador: dele
emergem entes de uma elegância geométrica tal, que se libertam da materialidade e das leis da
gravidade, das sombras e da fealdade.
Cada flor, folha ou fruto, cria os seus próprios limites: porções de espaço em torno de transparências e
opacidades, que se destacam sobre fundos homogéneos (Acer pseudoplatanus, Ficus religiosa);
contornos que demarcam com clareza o motivo (Marmelo, Helichrysum, Leucospermum). Todavia, imagem
e fundo contribuem num todo para o significado da fotografia: viajamos livremente, em passagens suaves ou
em saltos abruptos, entre aquela e este; evadimo-nos para apreendermos a floresta nas linhas de uma única
folha, vermos todas as folhas nas nervuras de uma só, adivinharmos a sensualidade, a sexualidade e a
reprodução no estame e no gineceu, descobrirmos a ausência de limites em cada microcosmo, comungarmos com
o fotógrafo, que se assume como artesão demiurgo, o gosto pela busca das leis que estão para lá do
visível.
Capelão aprimorou até à excelência este apelo através da foto de flores. Souto desenvolveu-o a partir de
folhas e frutos. Expõem aqui trabalhos realizados entre 2006 e 2013, no exercício de diferentes técnicas
de captura – expressão paradoxal para uma arte que não aprisiona, mas sobretudo devolve, ao olhar comum,
as múltiplas dimensões da infinitude e do ilimitado – e utilizando suportes fotográficos distintos. As
folhas de Henrique Souto foram originalmente captadas por procedimentos analógicos (as imagens são
ampliações de diapositivos 24x36 cm), as flores e os frutos dos dois foram captados por processos
digitais, a partir dos quais se efectuaram todas as impressões.
Avisamos, porém, que essas visões do belo, esses mergulhos na emoção, são recusados ao distraído, ao
caminhante metido com os seus pensamentos, ao absorto em subjectividades graves ou fúteis.
É face ao observador interessado, que percorre as suas linhas e superfícies, que estas imagens provocam a
despertez do olhar, abrem-se para a diversidade de avaliações e disposições de espírito: sem linhas do
horizonte e planos de fuga que os inibam, os nossos sentidos vagueiam além e aquém de todas os pontos,
traços, espaços e cores, vão da melancolia ao devaneio e ao entusiasmo enquanto a nossa respiração se
suspende para melhor apreender todos os efémeros que se sucedem.
Luís Martins
IELT – Instituto de Estudos de Literatura Tradicional
Partilhar
De 9 de Agosto a 3 de Setembro
Na Biblioteca Municipal
Ver também:
•
Folheto da exposição
|