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Apresentação da obra por Luís Diamantino
Leitura de textos por
David Cardoso
Clara Oliveira
MARGARIDA SANTOS
Nasceu em Gaia em 1946. Licenciada em Escultura pela ESBAP/1968. Professora entre 1968 e 2006. Vários cargos no Ensino. Autora de
eventos e programas culturais. Autora de obra pública e privada dentro e fora do país -desenho, pintura, escultura: bustos,
retratos, relevos, troféus, múltiplos, medalhas. Fez Monumentos de Arte Pública, de interior e de exterior, em grande escala,
implantados em diferentes locais do país. Realizou centenas de obras de autor, dezenas de exposições individuais. Participou em
centenas de mostras colectivas. Trabalha em atelier próprio desde os 18 anos. Trabalhou nos média. Há publicações suas dispersas em
revistas, jornais, catálogos, antologias poéticas. Publicou os livros «eu amo tu», «Fragmentos de uma Biografia Roída» e «Luz
íntima». Tem livros por publicar e continua a escrever.
“Fragmentos de uma Biografia é isso mesmo: fragmentos. Fui guardando papéis soltos que o tempo amareleceu. Às vezes atava-os com
fitas, outros com cordéis. Alguns foram agrupados em livrinhos desde os meus tempos da Faculdade. Escrevia os dias num discorrer
impulsivo. Quase nunca directo. Muitos foram poupados ao destino do fogo e da água. Rasguei-os ou queimei-os por achar que não
tinham qualidade. Sou exigente. Guardei alguns. Fui-os transferindo de gaveta para gaveta; de atelier para atelier; em caixas de
vime. Sobreviveram a muita pancada da vida. Continuava a escrever. A casa da gente minga, como nós quando envelhecemos. A vida é
para a frente. Eu não mexia naquilo. A Biografia Roída não obedece a nenhuma ordem cronológica. Um dia descobri uma incursão de
famílias de ratos nas gavetas dos armários. Os pequenos roedores adoraram fazer vaporosos ninhos com os meus papéis. Fizeram-no com
tal perícia que, da obrigatória limpeza, restou o vómito e o sentimento da perda. Ao reunir as sobras, reacendeu-se em mim o desejo
de me livrar delas. Antes, porém, comecei a lê-las. Aquilo era o retrato inteiro de uma Pessoa eivada de humanidade. Aprendi a
escrever no computador e fui-as transcrevendo sem preocupações temporais… Tarde? Nunca é tarde para se deixar um testemunho de
vida.”
Fonte
Dia 30 de maio, terça-feira, às 18h30
No Jardim da Casa Manuel Lopes
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