[ Biografia ]
[ O homem poveiro, por J. S. Marques ]
[ Vasques Calafate, por José de Azevedo ]
[ Bibliografia ]
[ Sobre Vasques Calafate ]
[ + personalidades ]
| | Vibrante Discurso, por João Marques Um vibrante discurso
do Rev.do Padre João Marques
Ala-Arriba (25 de setembro 1965), p. 3.
Num improviso brilhante e eloquente, o nosso conterrâneo Rev.do P.e João Marques disse, com sentida emoção, referindo-se a Vasques Calafate:
«Olhando o mar, sentido na sua carne o sofrimento dos simples e dos humildes ele concebeu um grande sonho. O poeta disse: «O homem sonha, Deus ajuda e a obra nasce.» Ele sonhou, Deus estava a seu lado e a obra nasceu, desenvolveu-se através de um tríplice plano. Aqui, na costa, a invernia traz a miséria, o desamparo e a solidão. E seus olhos contemplaram os vultos de pescadores que andavam mendigando o sustento dos seus quando o mar estava como «cão» e nada dele havia a esperar. Via ainda os cortejos infindos de homens que eram heróis, mas eram miseráveis, naquela hora, percorrendo as aldeias dos arredores da nossa terra, batendo às portas e dizendo: «Dai-nos uma esmola, pelo amor de Deus». «O seu primeiro plano era não deixar no desamparo estes pescadores por que seria uma injustiça, tanto mais clamorosa quanto mais indigna. E a sua casa dos poveiros, a sua Casa dos Pescadores, na Póvoa, tomou corpo».
A terminar, o orador aludiu depois ao porto de pesca, velho sonho do homenageado, que Deus não quis que ele visse transformado em realidade. Mas disse, «só morrem as causas pelas quais ninguém morre; ele, afinal, cansou-se e morreu pela sua causa e ela venceu.»
Uma salva de palmas, ecoou prolongada após as últimas palavras do sr. P.e João Marques, que traduziu de modo inequívoco o sentir da alma poveira, em eloquente oração, que fez soluçar muito dos presentes a tão significativo acto de pública consagração a um poveiro ilustre. |